sábado, 27 de agosto de 2011

Munição de elastômero (munição de impacto controlado)



Consiste em um projétil de látex, podendo ser encontrada em vários formatos e tipos. Popularmente, é conhecida como bala de borracha. É comumente encontrada no calibre 12, constituída de projétil único ou de múltiplos.
Os primeiros usos deram-se na década de 70, pelo exército britânica na Irlanda do Norte, para  dispersar munições e conter tumultos. Foi desenvolvida para serem usadas contra o chão, ricocheteando e atingindo as pernas de manifestantes e agitadores. Versões mais fracas, para uso civil, são vendidas normalmente em alguns países. No Brasil, o uso desse tipo de munição está restrito a policiais, guardas, militares e empresas de segurança privada.
Semelhante à munição comum, apresenta uma cápsula com pólvora, responsável pela explosão - e impulsão do projétil - após a percussão. A ponta, contudo, é feita de borracha ou de esferas de metal revestidas de borracha (mais comum). Isso impede que a munição apresente grande caráter penetrante. Ainda assim, há a possibilidade de ferimentos graves e até mesmo a morte por uso não-recomendado ou acidentes. Em inglês, o termo usado para esse tipo de munição é less lethal ammunition - munição menos letal. O projétil é disparado a uma velocidade inicial de 240 m/s. A distância mínima recomendada para seu uso é de 20 m, devendo-se mirar nas pernas; nunca acima da cintura. Mas como os projéteis são de borracha (ou revestidos), há a possibilidade de ricochetes, atingindo outras partes do corpo, como os olhos ou garganta. Há inúmeros casos relatados de lesões graves provocadas por seu uso, bem como a penetração na cabeça, tórax e abdome. 
Atualmente, duas empresas produzem esse tipo de munição no Brasil - a Condor Munições Não-Letais, e a CBC - Companhia Brasileira de Cartuchos. Ambas de calibre 12.
Há inúmeras pesquisas à procura do munição não letal ideal. Diferentes tipos de munições de elastômero apresentam variações quanto à distância mínima aceitável e à máxima com precisão. No mercado internacional, além da munição de balins múltiplos (mais comum), recentemente, desenvolveu-se o projétil estabilizado tipo "foguete". Disponível, inicialmente, apenas para o Departamento de Defesa Norte Americano. Agora, também para a polícia dos EUA. Compreende um projétil singular (único), estabilizado por barbatanas.

Para se conhecer mais:

http://www.condornaoletal.com.br/
http://www.cbc.com.br/

Tonfa



Okinawa é a província mais ao sul do Japão. Consiste em 169 ilhas que formam o arquipélago Ryukyu. Okinawa fazia parte de um reino independente, o Reino Ryukyu. Por isso, apresenta uma cultura própria, influenciada mais pela China que pelo Japão, tendo se destacado como entreposto comercial entre a Polinésia, Coréia, China, Japão e Indonésia. Invadida pelo clã de Satsuma no século XVI, perdeu a independência e o porte de armas foi proibido. Assim, indefesa contra bandidos e oprimida pelos invasores japoneses, passou a utilizar ferramentas agrícolas e de pesca como armas. Originalmente, era utilizada para triturar grãos. As técnicas, sistematizadas, compreendiam movimentos encadeados, os Katas. Convém lembrar que Okinawa foi o berço do karatê.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos mestres de artes marciais migraram para os Estados Unidos, divulgando suas técnicas. Os estadunidenses fascinados pela tonfa, sua versatilidade e eficiência, abandonaram o cassetete. Passou a ser confeccionada em materiais sintéticos de alta resistência mecânica, como as fibras de carbono (polímero). Até 1971, as técnicas apresentaram poucas mudanças, quando Lon Anderson  as adaptou para uso policial.
Nos anos 80, passou a ser divulgada em outros países, como Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e França, onde se desenvolveu notavelmente como arma. Chegou ao Brasil em 1985, passando por adaptações ao biotipo do brasileiro. Originalmente, media 80 cm. Hoje, compreende apenas 58 cm (a estatura média do brasileiro é consideravelmente menor que a do norte-americano).
O primeiro estudo de emprego da tonfa foi encomendado para a FEPASA, não tendo, contudo, grande apreciação por sua diretoria. Porém, logo depois, o metrô de São Paulo a adotou como instrumento de defesa, seguida de diversas empresas voltadas ao mercado de segurança privada e por policiais militares.



Diversas empresas oferecem, hoje, no Brasil, cursos para o uso de tonfas, como a T.A.S.K. - Advanced Training, em Goiânia; e o Centro Especializado de Instrução em Tiro Tático, no Rio de Janeiro.


domingo, 21 de agosto de 2011

Eskrima


Eskrima (escrima ou escryma) é uma referência às artes marciais filipinas (em inglês, FMA - Filipino Martial Arts) que têm ênfase no treino com armas (principalmente bastão e lâminas), além do combate desarmado. A arte é também conhecida como Kali  (bastante empregado no ocidente) e Arnis de mano. Eskrimador ou kalista é o praticante de eskrima (ou kali).
O ensino é simplificado, visando apenas as técnicas que se provaram eficazes em combate e que podiam ser ensinadas em massa sobreviveram. Isso permitiu que os habitantes de vilas sobrevivessem aos invasores estrangeiros e moradores de outras vilas. A simplicidade persiste até hoje e é a base das artes marciais flipinas. Não confunda simplicidade com ausência de eficácia. A simplicidade reside, sim,  em sua sistemática. Sob as técnicas básicas reside uma estrutura bastante complexa e refinada de técnicas para domínio do adversário.
Praticantes dessa arte são reconhecidos por sua habilidade em lutar com armas e desarmados. E a maior parte dos sistemas de eskrima incluem lutas com uma grande variedade de armas, combates com pé, chaves e projeções. Na maioria dos sistemas, as ténicas armadas e desarmadas são desenvolvidas paralelamente, por meio de um sistema projetado para desenvolver seus aspectos comuns. As variações mais comuns são a do bastão simples, a de dois bastões, e a de espada/bastão e faca. Alguns sistemas são conhecidos por se especializarem em outras as armas, como o chicote e o cajado. Há algumas variações de armas exclusivas na prática de eskrima, como o kerambit , o barung e o balisong. O rattan, madeira derivada do bambu, facilmente encontrado nas Filipinas, é o material mais utilizado na fabricação de bastões e varas de treino, com resistência, leveza e boa durabilidade.
Existem mais de cem sistemas diferentes de eskrima, remetendo-se, não raro,  às origens de uma tribo ou região, e podem ser classificados em três grupos principais:
  • Estilos da região norte das Filipinas
  • Estilos da região sul das Filipinas
  • Estilos da região central das Filipinas
Destacando-se:
  • Eskrima São Miguel
  • Doce Pares
  • Balintawak
  • Arnis moderno
  • Kalis illustrisimo ou Bakbakan
  • Eskrima águia negra
  • kali-silat
Como tantas outras artes marciais, a história da eskrima é cercada de lenda. A maior parte de seus praticantes não possuía escolaridade, para fazer uma história escrita. Assim, boa parte de sua história foi transmitida oralmente. A grande quantidade de diferentes sistemas de luta chamados pelo mesmo nome - eskrima (kali ou arnis de mano), tornou tudo ainda mais confuso. Registros históricos documentam que, no início do século XVI, algumas tribos combateram, usando armas e técnicas nativas, os invasores espanhóis. Os espanhóis eram experientes conquistadores, utilizavam seus próprios sistemas de luta, superioridade bélica e metalúrgica. O quanto isso afetou os sistemas de luta nativas, é uma questão controversa. Mas é fato que os filipinos tomaram emprestado algumas técnicas, com a técnica de esgrima espanhola com espada e adaga e a adaptaram ao uso de dois bastões, um longo e outro curto. Para muitos, a eskrima sofreu influência, inclusive, de outras culturas, como a dos nativos de Taiwan e de Bornéu, que mantinham contato com os nativos filipinos, assim como outras artes marciais da Indonésia e da Malásia (tjakalele), em migrações. Existe, portanto, a possibilidade de que os sistemas de luta filipinos tenham suas raízes históricas em artes marciais indonésias, que, por sua vez, foram influenciadas pelas artes chinesas, como o kun tao, que tem suas raízes vinculadas ao ch'uan (conhecida no ocidente como Kung fu). Outra arte chinesa que pode ter influenciado grandemente a eskrima, em especial a luta desarmada (panantukan) é o wing chu, também chinês. Essas influências não apresentam, porém, ligação direta com traços sócio-político-culturais das Filipinas hoje. Outros, acreditam que as FMA baseadas em armas, tiveram suas raízes independentes da marioria dos sistemas de luta desarmados. E suas inevitáveis similaridades com outros sistemas se dariam pelo tipo de armas, comum aos diversos sistemas (filipinos, malaios, chineses e indianos).

Nos Estados Unidos, os sistemas mais populares são:
  • Sayoc kali
  • Sina-tirsia-wali
  • Eskrima serrada
  • Eskrima lameco
  • Dog Brothers Martial Art
  • Pekiti-tirsia
No Brasil, os mais difundidos:
  • Arnis maharlika, ensinado desde 1976 pelo Punong Guro Herbert "Dada" Inocalla, que em conjunto com seu irmão datu Shirshir inocalla, desenvolve um trabalho de resgate e utilização do arnis como terapia marcial filipina.
  • Kali silat ou sina-tirsia-wali, criado pelo norte-americano Paul Greg Alland, primeiro ocidental a ganhar o Philippines World Escrima Tournament. O estilo foi trazido ao Brasil por Paulo Albuquerque; hoje, o aluno mais graduado de Greg na América Latina.

Em Hollywood, a eskrima tornou-se bastante popular, figurando em filmes de Bruce Lee, Steven Seagal, a trilogia Bourne (A Identidade Bourne, O Ultimato Bourne e A Supremacia Bourne), a trilogia Blade (Blade, Blade II e Blate Trinity), Missão Impossível, Caçado, A Batalha de Riddick, entre outros.

Para se conhecer melhor essa interessante - e extremamente eficiente - arte marcial, sugiro:

Kali Silat - Brasil: http://www.kalisilat.com.br
Dog Brothers Inc. Martial Arts: http://dogbrothers.com/
Lameco Eskrima International: http://www.lamecoeskrima.com/
Sayoc Global LLC: http://sayoc.com/